teste de llingua portuguesa
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EXAME DE LÍNGUA PORTUGUESALeia o fragmento do conto “O alienista“, de Machado de Assis, publicado em 1882, e responda ao que se pede.
Cap. III: Deus sabe o que faz!
[...]
D. Evarista sentiu faltar-lhe o chão debaixo dos pés. Nunca dos nuncas vira o Rio de
Janeiro, que (1) posto não fosse sequer uma pálida sombra do que hoje é, todavia era alguma coisa mais do que Itaguaí. Ver o Rio de Janeiro, para ela, equivalia ao sonho do hebreu cativo. Agora, principalmente, que o marido assentara de vez naquela povoação interior, agora é que ela perdera as últimas esperanças de respirar os ares da nossa boa cidade; e justamente agora é que ele a convidava a realizar os seus desejos de menina e moça. D.Evarista não pôde dissimular o gosto de semelhante proposta. Simão Bacamarte pegou-lhe na mão e sorriu,—um sorriso tanto ou quanto filosófico, além de conjugal, (2) em que parecia traduzir-se este pensamento:
— "Não há remédio certo para as dores da alma; esta senhora definha, porque lhe parece que a não amo; dou-lhe o Rio de Janeiro, e consola-se". E (3) porque era homem estudioso tomou nota da observação.
Mas um dardo atravessou o coração de D. Evarista. Conteve-se, entretanto; limitou-se a dizer ao marido que, (4) se ele não ia, ela não iria também, porque não havia de meter-se sozinha pelas estradas.
—Irá com sua tia, redargüiu o alienista.
Note-se que D. Evarista tinha pensado nisso mesmo; mas não quisera pedi-lo nem insinuá-lo, em primeiro lugar porque seria impor grandes despesas ao marido, em segundo lugar porque era melhor, mais metódico e racional que a proposta viesse dele.
—Oh! mas o dinheiro que será preciso gastar! suspirou D. Evarista sem convicção.
—Que importa? Temos ganho muito, disse o marido. Ainda ontem o escriturário presto-me contas. Queres ver?
E levou-a aos livros. D. Evarista ficou deslumbrada. Era uma via-láctea de algarismos. E depois levou-a às arcas, onde estava o dinheiro.
Deus! eram montes de ouro, eram mil