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Brasil e Uruguai
Luciana Hartmann Na zona de fronteira entre Brasil, Argentina e Uruguai, a população possui fortes
UFRJ laços de identificação entre si, fortalecidos pela intensa convivência estabelecida ao longo de sua história. Esta convivência persiste, atualmente, nos âmbitos mais diversos, como nos laços de parentesco, na educação, no lazer, no comércio (e em uma de suas formas locais características, o contrabando), no trabalho etc. Neste contexto, as narrativas orais, que transitam ‘sem-fronteiras’ − nem mesmo de idioma
− funcionam como um importante instrumento na afirmação e na transmissão destes vínculos e deste imaginário comum (Hartmann 2004).
Em minha pesquisa de campo procurei acompanhar, através da ‘rede’ existente entre os contadores de histórias dos três países fronteiriços, os caminhos percorridos pelas narrativas orais. Meu campo foi, assim, itinerante: viajei através das fronteiras à procura das histórias e dos sujeitos que as contam. A cada encontro com um novo contador, com uma nova narrativa, com uma nova paisagem, registrei imagens e sons com equipamento de vídeo, áudio e foto. Esta pesquisa, que durou cerca de oito meses, revelou não apenas um conjunto de histórias e performances narrativas características, como também uma maneira de ver e de se ver ‘da fronteira’, na qual identidades e alteridades se alternam conforme o contexto. É este ambiente de diálogo, de troca de conhecimentos e sobretudo de reflexão, potencializado na pesquisa antropológica realizada com recursos audiovisuais, que será abordado neste artigo.
Para melhor exposição destas questões, o artigo divide-se em três partes. Na primeira procuro evidenciar alguns referenciais teóricos que estimularam a utilização do audiovisual em minha pesquisa; na segunda, forneço um pequeno histórico do
Campos 5(2):65-86, 2004.
uso do audiovisual na