Teses contrárias, sobre o nascimento da filosofia na grécia antiga
Existe uma polêmica para saber se a filosofia e o pensamento racional de um modo geral realmente tiveram início na civilização grega. Alguns defendem que na verdade o exercício do pensamento filosófico, assim como a matemática e a astronomia, já haviam sido atividades realizadas por civilizações anteriores, como os babilônios, os hindus, os chineses, etc. Quem defende que no fundo a filosofia e o pensamento racional na verdade são apenas uma continuação de tradições anteriores do pensamento, são chamados de orientalistas. A tese contrária é a de que na verdade os gregos foram uma civilização única e especial entre todas as outras e que suas invenções no fundo devem ser atribuídas a uma genialidade miraculosa exclusiva desse povo. As civilizações anteriores, de acordo com essa tese, nada influenciaram os gregos. Essa tese recebeu o nome durante a história de Milagre Grego.
A tese mais aceita pelos historiadores em geral é aquela que está bem representada nesse texto da filósofa brasileira Marilena Chauí:
" Nada nos impede de falar num "milagre grego", se entendermos por esta expressão:
1. A mutação qualitativa produzida sobre a herança recebida de outras civilizações. Assim, os egípcios produziram conhecimentos matemáticos, mas voltados para a agrimensura e para construção de edifícios, os fenícios desenvolveram uma aritmética que era uma contabilidade comercial, enquanto os gregos produziram uma ciência matemática, um corpo lógico e sistemático de conhecimentos racionais, fundados em princípios gerais que se traduziriam numa geometria, numa aritmética e numa música, entendida como harmonia ou proporção...
2. A mutação qualitativa produzida sobre as formas de organização social e política herdadas e que permitiu aos gregos aquilo que o historiador Moses Finley lhes atribui como um dos traços mais marcantes e inovadores: A invenção da política. Não que outras culturas desconhecessem os fenômenos do governo e do poder, porém os