Tese
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Mégara Hyblaea foi fundada na costa oriental da Sicília, por volta do ano de 728 a.C.
Tal informação nos é fornecida pela tradição textual grega, a qual segue os relatos de Estrabão e Tucídides1. A metrópole, de onde partira a expedição de colonos, foi a cidade de Mégara
Nisaia, localizada no ístimo de Corinto, entre a Ática e o Peloponeso. Mégara Hyblaea não foi a única colônia a surgir nesse período: entre o segundo quartel do século VIII a.C e o final do século VII a.C, dezenas de expedições saíram da Hélade em direção à várias regiões da costa do Mar Mediterrâneo, em especial ao sul da península Itálica e à Sicília. O resultado deste processo foi a fundação de inúmeras apoikiai, como os gregos chamavam suas colônias.
Uma ampla expansão territorial estava sendo empreendida.
A cidade de Mégara Hyblaea é o foco da pesquisa que temos desenvolvido nos últimos anos, a qual resultou na presente dissertação. Reveladas principalmente a partir do século XIX2, as ruínas de Mégara suscitaram o interesse de vários estudiosos. A descoberta de um traçado urbano bastante organizado, datado do final do século VIII a.C., contribuiu substancialmente para as pesquisas espaciais e urbanísticas, bem como para os estudos relativos à polis, instituição grega típica dos períodos arcaico, clássico e helenístico3.
A partir da década de 50, Mégara Hyblaea passou a ser escavada por pesquisadores da
Escola Francesa de Roma, liderados por Georges Vallet, François Villard e Paul Auberson4.
Estas escavações revelaram detalhes arqueológicos do setor urbano da cidade, fomentando novos estudos. Graças à disponibilidade de dados arqueológicos publicados pelos arqueólogos da Escola Francesa de Roma, foi possível a realização desta dissertação de mestrado, sem a realização de trabalho de campo.
Nossa pesquisa orientou-se a partir de dois objetivos principais. O primeiro consiste na elaboração de uma análise da organização espacial de Mégara Hyblaea, com base