Tese de doutorado
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO INTEGRADO EM FILOSOFIA
DOUTORADO EM FILOSOFIA
Projeto de Pesquisa
Poder e violência no pensamento de Walter Benjamin e Hannah Arendt
Ivoneide Fernandes Rodrigues
João Pessoa – PB
2013
I Título
Poder e violência no pensamento de Walter Benjamin e Hannah Arendt.
II Introdução
É possível haver uma forma de poder sem a presença da violência? A violência é parte constitutiva do poder ou é uma opositora que, por vezes, pode ser usada para legitimar formas totalitárias de poder? E, sobretudo, qual a relação que esta violência estabelece com o Estado e com o Direito? Essas questões não são novas na tradição do pensamento filosófico, mas mantém sua atualidade, uma vez que ainda intrigam a filosofia até hoje. Walter Benjamin (1892-1940) e Hannah Arendt (1906-1975) nos apresentam reflexões bem distintas quanto a tais problemas filosóficos e é este o objeto que ora nos propomos a analisar, com base nas reflexões desses autores: Poder, Violência e suas relações com o Estado, o Direito e a Política.
Walter Benjamin, em 1920/21, leva-nos a questionar sobre essa relação entre violência e poder. O texto Zur Kritik der Gewalt (traduzido para o português por Willi Bolle por Crítica da violência – crítica do poder e, por Ernani Chaves, mais recentemente, por Para uma crítica da violência), logo no título nos traz uma ambiguidade com a palavra Gewalt, que tanto pode ser traduzida por poder, autoridade, como também força, violência, coerção. Trata-se aí de conceber o poder como algo que se constitui e se mantém pela violência e, inseparavelmente, a violência como poder que se estabelece e reproduz com base em si mesmo; nesse sentido, podemos falar em um poder-violência. Benjamin parte dessa ambiguidade para pensar as relações do poder-violência com o Estado e o Direito, entendendo que este último não exclui o poder-violência, mas, antes, como forma jurídica do Estado