Terceira parte - Madame Bovary

736 palavras 3 páginas
Na última parte, Emma reencontra Leon em Ruão. Tornam-se amantes. Mais uma vez, Emma busca no amor uma saída para o descontentamento de sua vida. Por esta época inicia um caminho sem volta. Compra presentes para Leon e roupas luxuosas para si do comerciante Lheureux. Endivida-se. Negocia as dívidas, sempre à revelia de Charles. Assina letras que sabia não poder pagar. Chega o momento, porém, em que é cobrada judicialmente e tem sua casa penhorada. Entra em pânico, desespera-se. Busca ajuda de Rodolphe e Leon. Não recebe. Como última alternativa, procura o tabelião Guillaumin, mas este tenta possuí-la em troca da ajuda. Emma não se vende. Sozinha, esgotada e sem saída, suicida-se.

Emma é uma mulher que busca um caminho diferente daquele em que foi preparada para percorrer. Mas como fazê-lo se toda mulher era preparada e empurrada para o casamento? O comportamento da personagem de Flaubert anuncia uma mudança que em breve colocaria o mundo macho de cabeça para baixo: o poder de escolha da mulher que sempre esteve paralisada pelas ordens dos homens. Emma não aceitava ser dominada, não era submissa, prendada ou fiel.

O tédio de Emma vai além da falta de graça e vida de seu marido, porque quase nada a satisfaz por muito tempo. Vaidosa, cheia de vontades, uma verdadeira mulher de fases, que ora alterna o ímpeto da paixão pela vida e pelos amantes, ora entra em um estado de letargia desconsolado com a existência. Nem o nascimento de sua filha faz com que o amor pleno tome conta de Madame Bovary, que procura incessantemente as paixões nas páginas dos romances – os quais chegou a ser proibida de ler por causa dos conselhos da sogra, que pouco a estimava.

As traições de Emma parecem ser percebidas por todos da pequena comunidade. Diferente das mulheres prendadas e dedicadas ao marido, ela é uma verdadeira consumista que afunda Charles em dívidas homéricas e irreversíveis. DINHEIRO, luxo, sexo, chantagem. Em um século sem Aids, querer satisfazer desejos sem

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