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As Lendas e Narrativas de Alexandre Herculano foram publicadas em dois volumes, em 1851. Trata-se de uma coletânea de textos de caráter diversificado, publicados entre 1839 e 1844 nas revistas O Panorama e A Ilustração. No prefácio, Herculano considera as pequenas narrativas "monumentos dos esforços do autor para introduzir na literatura nacional um gênero amplamente cultivado, nestes nossos tempos, em todos os países da Europa", esperando que venham a constituir "a sementinha donde proveio a floresta", "um marco humilde e rude" na história literária portuguesa.
No primeiro volume aparecem O Alcaide de Santarém (passada na época de dominação muçulmana), Arras por foro de Espanha, O castelo de Faria (ambas episódios da guerra luso-castelhana no reinado de D. Fernando) e A Abóbada (passada na época de D. João I, cujo tema é a construção da abóbada do mosteiro da Batalha, símbolo da liberdade da nação portuguesa); no segundo estão compilados A Dama de pé de cabra, O bispo negro (ambas lendas populares de tradição oral), A morte do Lidador (história do heróico resistente contra os mouros Gonçalo Mendes da Maia), O pároco da aldeia (história singela de um bondoso pároco rural) e de Jersey a Granville (narrativa de viagem).
Na sua diversidade de estilos e temas, estas narrativas são representativas de alguns dos principais rumos do Romantismo português. Encontram-se textos de inspiração popular, que podemos associar ao nacionalismo literário da época, e de temática fantástica, como é o caso de "A Dama Pé de Cabra"; textos de temática contemporânea, como "O Pároco da Aldeia", que encerra um retrato do ambiente rural que muito influenciará Júlio Dinis; e narrativas de fundo histórico, escritas sob a influência de Walter Scott, como "A Abóbada" e "O Bispo Negro", que tiveram um papel fundamental na introdução da ficção histórica no nosso país e refletem o apreço de Herculano (e dos românticos em geral) pela Idade Média.
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