teorias da verdade
Há um filósofo vivo que eu julgo que, ao lado de outros também vivos como Habermas, Davidson e Derrida, é um dos mais brilhantes da atualidade. Tal filósofo acredita que a filosofia já falou demais sobre a verdade. Esse filósofo chama-se Richard Rorty. Trata-se de um norte-americano que disse o que disse não à toa. A antiga hegemonia de um tipo específico de filosofia analítica nos departamentos de filosofia nos Estados Unidos, às vezes pouco preocupada com questões práticas de ação política democrática, foi talvez o que mais motivou Rorty, nos últimos quarenta anos, a criar o lema "antes esperança do que conhecimento". Penso que ele assim fez mais para fustigar aqueles filósofos que, preocupados demais com questões restritas, haviam se esquecido de que John Dewey e Bertrand Russell foram não só bons filósofos técnicos mas, antes de tudo, polemistas sociais em favor de causas democráticas visando o futuro.
Pensando nisso, não tomo o que Rorty escreve ao pé da letra quando ele insinua que a discussão sobre a verdade é infrutífera. Ainda continuo achando, mais ao lado de Donald Davidson do que de Rorty, que a discussão filosófica técnica sobre a verdade é um tema importante, senão para todos, pelo menos para os filósofos e professores de filosofia. Eu não sou filósofo. Sou professor de filosofia. E como tal eu falarei, hoje aqui, sobre o tema das teorias de verdade.
Quando estou falando ao meus alunos, e não aos meus colegas, costumo começar a conversar sobre a verdade a partir das acepções diferentes que esse termo ganha dependendo da língua em que ele é pronunciado. Afinal, as nossas acepções comuns de verdade dependem muito dessas acepções que emergem de diferenças lingüísticas (cf. Chauí, 1994, pp. 98-99)
Em grego, verdade é aletheia. Quando dizemos aletheia estamos nos referindo ao não-oculto ou ao que não está dissimulado. Aletheia é o oposto de pseudos, que é justamente o escondido, o que está dissimulado. Não importa aqui se é o "olho