Teorias critica versos pesquisa
Quando analisa a indústria cultural, a teoria crítica - que denuncia a contradição entre indivíduo e sociedade como um produto histórico da divisão de classes e que se opõe às doutrinas que descrevem essa contradição como um dado natural - exprime, sobretudo, a sua tendência para tratar a mentalidade das massas como um dado imutável, um pressuposto da sua própria existência.
O contraste radical entre a teoria crítica e as doutrinas que, sectorializando-se, não conseguem interpretar os fenómenos sociais na sua complexidade, manifesta-se também se compararmos os estudos sobre os mass media que se iam desenvolvendo na sociedade americana.
Já se observou que, segundo a teoria crítica, os métodos de pesquisa empírica não penetram na objectivação dos factos nem na estrutura ou nas implicações do seu fundamento histórico; pelo contrário, provocam a fragmentação do todo social «numa série de "objectos" artificialmente pedidos a várias ciências especializadas. A principal característica do facto social, a sua dinâmica histórica, é a primeira a faltar»
(Rusconi, 1968, 261). Isso acontece também com a análise da indústria cultural: se o comportamento mais comum de quem se ocupa do sector é estar atento para o não subvalorizar, é, porém, incontroverso que
«por amor ao seu papel social, são reprimidas ou, pelo menos, excluídas da chamada sociologia da comunicação, perguntas embaraçosas acerca da sua qualidade, da sua verdade ou da sua falsidade e do valor estético daquilo que ela comunica» (Adorno, 1967, 10).
A pesquisa sobre os meios de comunicação de massa parece fortemente inadequada, porque se limita a estudar as condições presentes, acabando por se inclinar para o monopólio da indústria cultural. Assim, acontece que, para lá da fachada, a pesquisa trata essencialmente do modo de manipular as massas ou de atingir melhor determinados objectivos inerentes ao sistema existente.