teoria.
A vida é um passar sucessivo de situações determinadas pela biologia: nascimento, infância, puberdade, maturidade, velhice e morte. São etapas naturais, mas não necessariamente marcadas ou celebradas em todas as sociedades. Mesmo porque os sinais de cada estado podem variar muito; a velhice pode ter início aos quarenta ou aos oitenta anos, cada sociedade justificando plenamente a definição adotada. De modo que, com exceção, talvez, do nascimento e da morte, os demais momentos da existência são pensados e vividos mais em função da tradição do que de indicadores naturais ou cronológicos.
Além das mudanças biológicas, mudanças de outro tipo podem ocorrer e serem ou não marcadas. É o caso da mudança de status de solteiro para casado, ou de casado para viúvo; a paternidade e a maternidade podem também marcar uma passagem, da mesma forma que o ingresso em sociedades secretas, grupos que agregam profissões ou especializações.
Em nenhuma sociedade a vida flui sem marcações, sem que se registre qualquer tipo de passagem. Pode-se mesmo dizer que viver é se submeter a passagens sucessivas, que se iniciam com o nascimento e terminam com a morte. Em alguns casos, a alma do morto pode, igualmente, enfrentar passagens de planos ou estados que são propiciadas, festejadas e marcadas pelos vivos.
As passagens são geralmente acompanhadas de atos especiais. Algumas são celebradas com grandes cerimônias, noutras o ritual é pouco elaborado. Mas, de qualquer forma, o reconhecimento da passagem implica na idéia de que o trânsito de uma situação a outra é coisa importante, ato grave que deve ser cercado de cuidados especiais. O nascimento, por exemplo, pode exigir que mãe e pai se submetam cuidados e restrições que chegam a se estender por um ano ou mais (grupo cinta larga, MT ). Em outros grupos, o luto é guardado por até mais de um ano, impondo à viúva inúmeras restrições sociais, como ocorre entre os Kamaiurá (MT).
Um estudo comparativo das cerimônias que