Salvador Dali (1904-1989), mestre do surrealismo, nasceu na cidade espanhola de Figueres. Desde pequeno Dali demonstrou interesse pelas artes plásticas e acabou se tornando uns dos maiores nomes da pintura mundial. É reconhecido por suas interpretações do mundo dos sonhos e do subconsciente, entre os seus principais quadros, podemos encontrar: A persistência da memória (1931), Girafa em chamas (1937), A tentação de Santo Antonio (1946), entre vários outros. Alem de pintor Dali foi escultor e gravurista. Em meados do século XX foi comemorado o aniversário de 700 anos do nascimento de Dante Alighieri (1265-1321), e como homenagem, o governo italiano encomendou a Dali que fizesse a ilustração do livro A divina comédia. Que marcou o cenário de transição entre o mundo medieval e o renascentista. Dante retrata a busca constante do ser humano pelo divino, sua obra descreve uma viagem pelo inferno, purgatório e paraíso. Tendo três personagens principais: Dante, que representa o homem; Beatriz, que representa a fé; e Virgílio, que representa a razão e é o guia e mentor de Dante. A composição do de A divina comédia tem base no simbolismo no qual o número três aparece constantemente. Número esse que tem o objetivo de destacar a santíssima trindade (pai, filho e espírito santo). Por isso temos a narração do livro entrelaçada por três diferentes fatores em determinadas passagens, como: razão, humano, fé; leopardo, leão, loba; Beatriz, Virgílio, Dante; passado, presente, futuro; esperança, culpa, redenção; Judas, Brutus, Cassius; e inferno, purgatório, céu. Dali afirma ter usado seu método paranóico-crítico, no qual se cria uma forma de apreciar a realidade fora daquilo que é racional, encontrando conexões entre objetos que, aparentemente, são considerados desconexos. É inevitável que Dali reinterprete a obra que lhe foi oferecida para ilustrar. Sendo assim o faz de forma curiosa, uma vez que valoriza certos aspectos da passagem de Dante pelo inferno, e não da