Teoria geral da administração 2
MOTIVAÇÃO: MITOS, CRENÇAS E MAL-ENTENDIDOS
• Cecília W. Bergamini
Professora do Departamento de Administração Geral e Recursos Humanos da EAESP/FGV e da Faculdade de Economia e Administração da USP.
RESUMO: Se no âmbito das especulações puramente
intelectuais, o fenômeno da motivação não parece apresentar maiores dificuldades, no domínio concreto do conhecimento prático, uma confusão generalizada instalou-se há muito, não permitindo que progressos significativos sejam feitos por aqueles que buscam eficácia no dia a dia de trabalho dentro das organizações. Trata-se da confusão entre aquilo que se deve chamar
Revista de Administração de Empresas
de "pura reação" (condicionamento) e o que deve ser reconhecido como "motivação autêntica". Este artigo tem como objetivo delimitar o domínio de cada um desses fenômenos tão heterogêneos, mostrando, em particular, quais são as formas de comportamento definidas pela psicologia como o resultado da ação das variáveis extrínsecas ao indivíduo e que, pelo simples fato de o induzirem à ação, foram erroneamente consideradas como típicas da verdadeira motivação.
PALA VRAS-CHA VE: Motivação,
condicionamento, comportamento, variáveis extrínsecas, variáveis intrínsecas, estilo motivacional.
São Paulo, 30(2) 23-34
Abr./Jun.1990
23
o ARTIGO
o QUE EXISTE SOBRE
A MOTIVAÇÃO
A diversidade de interesses percebida entre os indivíduos permite aceitar, de forma razoavelmente clara, a crença segundo a qual as pessoas não fazem as mesmas coisas pelas mesmas razões. É dentro dessa diversidade que se encontra a mais importante fonte de compreensão a respeito de um fenômeno que apresenta aspectos aparentemente paradoxais: a motivação humana. Dessa forma, parece inapropriado que uma simples regra geral possa ser suficiente para explicar esse fenômeno de maneira mais precisa. Em realidade, como os indivíduos são diferentes uns dos outros, não somente desde o nascimento sendo portadores. de sua própria