Teoria do conhecimento
PRIMEIRA PARTE - Teoria do conhecimento na Antiguidade
Para os que entram nos mesmos rios, correm rios e novas águas. (...) Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. (Heráclito)
Necessário é dizer e pensar que só o ser é: pois o ser e, e o nada, ao contrario, nada é: afirmação que bem deves considerar. Desta via de investigação eu te afasto; mas também daquela outra, na qual vagueiam os mortais que nada sabem cabeças duplas. Pois é a ausência de meios que move, em ser, peito, o seu espírito errante. Deixam-se levar, surdos e cegos, mentes obtusas, massa indecisa, para a qual o ser e o não ser é considerado o mesmo e não o mesmo, e para a qual em tudo há uma via contraditória. (Parmênides)
1. Introdução
Os assuntos aqui tratados são abordados em outros capítulos sob aspectos diferentes. Vimos no Capítulo 7 que, na Grécia, a passagem do mundo tribal a polis (acidade estado grega) determina a mudança da maneira de pensar, que antes era predominantemente mítica e depois, com o aparecimento das cidades, faz surgir à racionalidade crítica típica do pensar filosófico.
O advento da polis grega é concomitante a outras transformações também marcantes. Como o aparecimento da escrita, da moeda (em decorrência da expansão do comércio), dos legisladores (que elaboram nova concepção de poder nas leis escritas).Essas transformações culminam com a figura do cidadão e do filósofo, em um mundo antes marcado pelo desígnio divino.
Começa então a grande aventura filosófica dos gregos, cuja influência se faz sentir até nossos dias. Costuma-se dividir a filosofia grega em três grandes períodos:
- período pré-socrático (séculos VII e VI A.C.) - abrange os filósofos das colônias gregas (Jônia e Magna Grécia) que iniciaram o processo de desligamento entre a filosofia e o pensamento mítico.
- período socrático ou clássico (séculos V e IV A.C.) - o centro cultural passa a ser Atenas; desse período fazem parte o próprio Sócrates e seu discípulo Platão,