TEORIA DO CONHECIMENTO DE JOHN LOCKE
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Uma das questões mais antigas que a filosofia tenta responder é "Qual a fonte do conhecimento humano?". Como podemos saber se Deus existe, que dois mais dois são quatro ou que o céu é azul? Será que já nascemos com algumas informações a respeito do mundo? A moderna biologia genética nos diz apenas que possuímos uma história, inscrita em nossos genes, que irão determinar algumas predisposições para desenvolvermos certas doenças hereditárias, tendências sexuais e comportamentais ou mesmo o gosto por sorvete de chocolate. Mas aquilo que somos depende de uma combinação de fatores genéticos com o ambiente em que fomos criados. Seríamos, portanto, o resultado das escolhas que fizemos segundo as imposições de nosso patrimônio genético e das oportunidades que temos na vida. Mesmo assim, a ciência contemporânea ainda não responde às perguntas a respeito de como conhecemos as coisas e como podemos estar seguros de possuir um entendimento verdadeiro. Filósofos como Platão (428/27-347 a.C.), Santo Agostinho (354-430), e Descartes (1596-1650) acreditavam na doutrina das ideias inatas, ou inatismo, que sustenta que o homem nasce com determinadas crenças verdadeiras. Segundo eles, a alma humana teria uma espécie de repositório de informações conferidas por Deus, e isso validaria as certezas sobre as coisas do mundo. Platão, no diálogo Fédon, diz que conhecer é recordar-se daquilo que nossas almas imortais, que habitavam o Mundo das Ideias, já sabiam, mas que ao nascer nos esquecemos. Contra essa doutrina, John Locke (1632-1704), um dos mais importantes filósofos ingleses modernos, escreveu um livro chamado Ensaio Acerca do Entendimento Humano (1690), que inaugurou a escola chamada Empirismo Britânico. Na época, Locke foi muito influenciado pela ciência moderna, baseada em observações.
Tábula rasa
Para Locke, o princípio do inatismo, além de não provar nada, é completamente desnecessário para uma teoria do conhecimento. Se realmente nossas almas imortais compartilhassem um mesmo