Teoria das Gerações
Desde Augusto Comte e Karl Mannheim (mas também desde José
Ortega y Gasset e Antonio Gramsci), o conceito de geração tem sido um tema relevante nas ciências humanas e sociais. Como metáfora para a construção social do tempo, tem sido uma das categorias mais influentes não só no debate teórico, mas também no impacto público das pesquisas sobre juventude. Mesmo que o uso e abuso do conceito esteja enraizado no contexto europeu no período entre a Grande Guerra e a Segunda Guerra Mundial, tem sido relevante nos debates ideológicos e políticos de outras regiões.
o pensamento social contemporâneo, a noção de geração foi desenvolvida em três momentos históricos, que correspondem a três quadros sociopolíticos particulares: durante os anos 1920, no período entreguerras, as bases filosóficas são formuladas em torno da noção de “revezamento geracional” (sucessão e coexistência de gerações), existindo um consenso geral sobre este aspecto (Ortega y Gasset, 1923; Mannheim,
1928). Durante os anos 1960, na época do protesto, uma teoria em torno da noção de “problema geracional” (e conflito geracional) é fundamentada sobre a teoria do conflito (Feuer, 1968; Mendel 1969). A partir de meados dos anos 1990, com a emergência da sociedade em rede, surge uma nova teoria em torno da noção de “sobreposição geracional”. Isto corresponde à situação em que os jovens são mais habilidosos do que as gerações anteriores em um centro de inovação para a sociedade: a tecnologia digital (Tapscott 1998; Chisholm, 2005).
No ano de 2007, em uma conferência pronunciada em Barcelona, Zygmunt
Bauman evocou os escritos sobre gerações de José Ortega y Gasset. O sociólogo polonês lembrou que a principal contribuição do filósofo espanhol não se constituiu na ideia de “sucessão” entre gerações (uma ideia muito presente no pensamento e no senso comum da época e, na verdade, de todos os tempos), mas de “coincidência” e