Teoria da Literatura
“Que remorsos eu sinto, meu pai! Se fosse possível restituir-te a vida dando uma parte da minha!”
“Eu bem sabia, meu filho, que podia contar contigo”, exclamou o moribundo. “Eu viverei. Vai, serás feliz. Eu viverei, mas sem retirar um único dos dias que te pertencem.”
“Está delirando”, pensou don Juan.
Os dois discutiram sobre o que don Juan achava ser devaneio, até blasfêmia, do velho, dizendo que continuaria vivendo. Bartolomeo, porém, explicou o seu plano: tinha descoberto uma maneira de ressuscitar. Pediu que o filho pegasse um frasco guardado na gaveta e esfregasse o líquido contido dentro em todo o seu corpo, assim que desse o último suspiro. No mesmo instante, falecendo, o corpo do pai fica teso como uma estátua de mármore. Relutante, don Juan guarda o misterioso licor de volta: estava com medo. Depois, passado o momento de indecisão que fazia-o alternar o olhar entre o frasco e o defunto, escorraça algumas pessoas que chegaram ao quarto e põe-se à incumbência de besuntar o cadáver. Pegou um pano embebido na poção e molhou a pálpebra direita do pai. O olho, com o brilho do olho dos vivos, abriu-se no mesmo instante .
“Furá-lo? Será talvez um parricídio?”, perguntou a si mesmo.
“Sim”,