Teoria da complexidade
Em resumo, a complexidade proposta por Edgar Morin se refere a um conjunto de eventos, principalmente aqueles ligados à área científica, que ocorreram no final do século XIX e que foram sendo debatidos, combatidos e assimilados no decorrer do século XX. Pode-se dizer que o que houve na realidade foi um certo tipo de Revolução (Japiassu, 1985; Kuhn, 2001; Epstein, 1988), pois foram quase três séculos de determinismo, de racionalismo, de univocidade, de concepção mecânica de mundo e, principalmente, da certeza que se transferia ao experimento científico; tudo isso cai por terra com as descobertas da própria ciência (Morin, 2002; 2002a; 1999a).
Primeiramente, tem-se a revelação de que existem fenômenos que não se consegue explicar. O próprio ser humano é um deles, o universo também, a vida e a morte, o amor, o ódio (a reaproximação da filosofia e da ciência) (Moles, 1971). Depois, descobre-se que o mundo pode ser um sistema (Von Bertalanffy, 1977), um ecossistema, e que suas partes (fragmentos) não estão nem podem ser vistas e estudadas sem a compreensão e aceitação do todo onde figuram. Claro que não se pode explicar de maneira lógica as relações e inter-relações deste todo e de suas partes e vice-versa. É por isso que se chama pensamento complexo, pois parece não haver uma lógica para estas relações aparentemente sistêmicas, é o que Morin (1999a; 2002a) denomina a "ordem dentro da desordem" ou a "certeza da incerteza", e é justamente por este motivo que se chama complexidade.
Pode ser que a maneira como era vista a ciência dita clássica ou moderna (para quem aceita o pós-moderno como período vigente) (Santos, 2000), via o homem e o universo, compreendendo aqui todos os eventos naturais e, supostamente, não naturais que ocorriam à sua volta, era quase unívoca, ou seja, acreditava em um mundo mecânico, em um ser humano mecânico e em uma relação mecânica entre ser humano e o mundo, e que tudo isso poderia ser explicado (Moles, 1971;