teologo
O pregador, Jerônimo Savonarola, abrasado com o fogo do Espírito Santo e sentindo a iminência do julgamento de Deus, trovejava contra o vício, o crime e a corrupção desenfreada na própria Igreja. O povo abandonou a leitura das publicações torpes e mundanas, para ler os sermões do ardente pregador : deixou os cânticos das ruas, para cantar os hinos de Deus. Em Florênça, as criaças fizeram procissões, coletando as máscaras carnavalescas, os livros obscenos e todos os objetos supérfluos que serviam à vaidade. Com isso formaram em praça pública uma pirâmide de vinte metros de altura e atearam-lhe fogo. Enquanto o monte ardia, o povo cantava hinos e os sinos da cidade dobravam em sinal de vitória.
Jerônimo era terceiro dos sete filhos da família. Nasceu de pais cultos e mundanos, mas de grande influência. Seu avô paterno era um famoso médico na corte do duque de Ferrara e os pais de Jerônimo planejavam que o filho ocupasse o lugar do avô. No colégio, era aluno esmerado. Mas os estudos da filosofia de Platão e de Aristóteles, deixara-lhe com a alma sequiosa. Foram sem dúvida os escritos de Tomaz de Aquino que mais o influenciaram ( a não ser as próprias Escrituras ) a entregar inteiramente o coração e a vida a Deus. Quando ainda menino, tinha o costume de orar e, ao crescer, o seu ardor em oração aumentou. A decadência da igreja, cheia de toda a qualidade de vícios e pecado, o luxo e a ostentação dos ricos em contraste com a profunda pobreza dos pobres, magoavam lhe o coração. Passava muito tempo sozinho, nos campos e à beira do rio Pó, em contemplação perante Deus, ora cantando, ora chorando, conforme os sentimentos lhe ardiam no peito. Quando ainda jovem, Deus começou a falar-lhe em visões. A oração era sua grande consolação; os degraus do altar, onde se prostrava horas a fio, ficavam repetidamente molhados de suas lágrimas.
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