Teologia Pra que?
Reflexões sobre os desafios da educação teológica
Quando me preparava para ir para o seminário, no final dos anos 70, não foram poucas as vezes que ouvi irmãos piedosos e bem intencionados me alertarem contra os perigos da teologia. Uns perguntavam: Prá quê estudar teologia? Basta oração e unção e Deus faz o resto. Outros se preocupavam com a possibilidade de perder a fé, de me desviar da simpli-cidade, tornar-me um cínico, esfriar a paixão. Para eles, teologia, refletir sobre Deus não nos leva a nada, senão a confusões espirituais e crises existenciais. Precisamos apenas crer e ser cheios do Espírito, diziam eles. Hoje, vinte anos depois, concluo que estavam certos, suas preocupações, simples e ingênuas, revelam o que hoje muitos educadores e teólogos reconhecem: que os seminários se transformaram num cemitério da espiritualidade. Hoje o que ouvimos com freqüência é que as pessoas saem dos seminários orando menos do que quando entraram, que seus compromissos com Deus em amá-lo e servi-lo, que os motivaram a ir para o seminário, foram transformados em apegos a debates sobre teorias milenaristas e controvérsias calvinistas. O sonho do reino de Deus foi substituído pela glória dos mestrados, doutorados e teses. Narcisistas religiosos.
Os seminários, infelizmente, não tem sido o melhor lugar de formação espiritual, Noutras palavras, a teologia deixou de cumprir seu papel na busca do homem por um relacionamento significativo, pessoal e íntimo com Jesus. O verdadeiro papel da teologia continua sondo o de dar sentido a fé, acolher os mistérios de Deus e conduzir o homem à comunhão com o Criador. Quando a teologia deixa de cumprir este papel básico, corre o risco de perder sua razão de ser. Talvez, o dilema que a educação teológica enfrenta hoje seja semelhante ao da antiga União Soviética. Como é que os comunistas, habituados por longo tempo a viver e pensar num sistema fechado irão se ajustar a um modelo aberto e democrático? Os teólogos,