TEOLOGIA NEGRA AFRICANA
O desconforto nasce da percepção de que o cristianismo, nos últimos tempos, foi moldado preferentemente com a cosmovisão da etnia branca europeia (Igreja católica e protestantes históricos) e norte-americana (Igrejas evangélicas e pentecostais). Critica-se o etnocentrismo (popularmente denominado racismo) (o termo “etnocentrismo”, utilizado aqui em vez de “racismo”, fundamenta-se na percepção de que a raça humana é uma, mas realizada em diferentes etnias. Etnocentrismo consiste em considerar o ponto de vista de determinada etnia como perspectiva humana padrão.) responsável pela discriminação de minorias, multidões, povos e países em grande parte do planeta. Embora esse enfoque surja em várias etnias, o exemplo, o exemplo mais claro e conhecido provém da teologia negra elaborada nos continentes americano e africano.
Ao articular reflexão teológica alternativa e as aspirações do movimento de negritude, surge a teologia da enculturação ou teologia cristã africana. Desenvolvida a partir de meados da década de 1960 sobretudo no Zaire, ela procura interpretar a mensagem cristã em termos de conceitos africanos bantos. Na África do Sul, nos anos 1970, a consciência negra despertada pelo movimento da negritude possibilita o nascimento da teologia negra, no cenário do apartheid. De inicio ela tenta “mostrar que Deus consentiu a existência negra, como forma legitima da existência humana”.
Nos Estados Unidos, a teologia negra experimenta longo processo de gestação, iniciado com lutas de libertação dos escravos. No Brasil, a teologia negra nasce no interior da “Igreja dos pobres” e da teologia da libertação.
Como “teologia libertadora” , a teologia negra parte da historia da experiência concreta de opressão-libertação do povo negro: deportação da mãe Africa, redução à condição subumana de escravo.
Quando a “questão negra” é assumida em nível de fé, suscita a pergunta: como ser, total e plenamente, negro e cristão? Como recriar um