Tentando Entender O Multiculturalismo
Referência: Santos, Boaventura de Sousa; Nunes, João Arriscado; Meneses, Maria Paula (2004), "Para amliar o cânone da ciência: a diversidade epistemológica do mundo", in Santos, Boaventura de Sousa (org.), Semear outras soluções. Os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Porto: Edições Afrontamento.
O texto de Boaventura trata do reconhecimento, diferenciação e igualdade cultural. Estas três denominações englobam-se no termo Multiculturalismo, que surge a princípio para denominar a grande mescla e riqueza de culturas que se entrelaçam. Porém, seu significado toma caráter negativo, se desvia de seu objetivo principal, quando passa a ser sinônimo de diferenciação, segregação de povos com culturas diferentes incidentes num mesmo território. O autor cita a miscigenação de raças nos Estados Unidos como exemplo. Curioso é que, grande parte da mão de obra deste país é feita de negros e latinos, e ainda assim a segregação está cada vez mais acentuada.
O termo Multiculturalismo tornou-se um conceito impreciso e longe do seu conceito primário, dada a grande quantidade de denotações e divergências entre elas. O Multiculturalismo vem por fim segregar povos culturalmente diversos, pondo fim à sua história, seus costumes, a sua cultura em si. É tão complexa a análise do assunto que, mesmo quando tratado como termo para designar, reconhecer e promover as diferenças culturais, muitas vezes torna-se novamente discriminatório, ao afirmar a existência de diferentes culturas da hegemonia global.
É tarefa mister, porém extremamente difícil “purificar” o multiculturalismo, uma vez que sua concepção vem geralmente ligada a conceitos pré-estabelecidos, pré-formados. Não respeitando de fato o povo / cultura em questão. Muitas das culturas englobadas no multiculturalismo foram maculadas por fatores externos: colonização, processo de descolonização, avanços tecnológicos, etc.
O autor dá