Tensao
RESUMO
A hipertensão arterial causa alterações funcionais, estruturais e metabólicas em diferentes órgãos. No coração, tais mudanças caracterizam a cardiomiopatia hipertensiva e resultam em distúrbios no ritmo e na contratilidade do miocárdio e, consequentemente, no desempenho cardíaco. O exercício físico aeróbio é recomendado como tratamento não farmacológico no controle da hipertensão arterial e há evidências que este pode minimizar as alterações na estrutura e função do músculo cardíaco. Esta revisão tem como objetivo fazer uma avaliação crítica sistematizada sobre os principais aspectos que envolvem as alterações estruturais e funcionais do miocárdio, em nível celular, decorrentes da hipertensão e sobre os efeitos do treinamento físico sobre a cardiomiopatia hipertensiva. Evidências sugerem que o treinamento físico possibilita um remodelamento cardíaco através de alterações estruturais e funcionais dos cardiomiócitos, principalmente na função contrátil e na expressão e atividade das proteínas reguladoras de cálcio. Estas alterações contribuem para a melhora da função cardíaca, assim como melhor tolerância ao exercício em indivíduos e modelos experimentais de hipertensão.
Palavras-Chave: Hipertensão. Cardiomiopatia. Exercício aeróbico. Miocárdio.
1. INTRODUÇÃO A hipertensão arterial é uma síndrome multifatorial e multicausal caracterizada principalmente, dentre outras manifestações, por níveis pressóricos elevados, contínuos ou intermitentes e normalmente vinculados a distúrbios hormonais, metabólicos, e presença de hipertrofia cardíaca e vascular (RONDON ET et al., 2010). O nível da pressão arterial depende de duas variáveis hemodinâmicas fundamentais, o débito cardíaco (freqüência cardíaca x volume sistólico) e a resistência periférica total. A pressão sanguínea elevada e crônica advinda dessa patologia causa alterações funcionais,