Tendências de reorganização da economia mundial
Henrique Rattner
Professor titular no Departamento de Economia da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP)
1. CRESCIMENTO E EXPANSÃO DA ECONOMIA INTERNACIONAL
O Centro de Estudos sobre Corporações Transnacionais da Organização das Nações Unidas levantou, no início da década de 80, aproximadamente 100 mil filiais de empresas transnacionais espalhadas pelo mundo, 34 mil de origem norte-americana, 20 mil britânicas e outras ligadas a redes complexas de grupos e conglomerados alemães, japoneses, franceses etc.
Somente as filiais dos conglomerados norte-americanos representavam investimentos no valor de US$200 bilhões, empregando mais de cinco milhões de pessoas e realizando um valor de produção duas vezes e meia superior ao total das exportações anuais oriundas dos EUA.
Refletindo o grau de concentração do capital, verifica-se que 190 empresas norte-americanas controlavam mais de 75% dos investimentos externos, enquanto 165 corporações britânicas controlavam mais de 80% dos investimentos no exterior e, na República Federal da Alemanha (RFA), apenas 82 empresas detinham o controle de mais de 70% dos investimentos realizados no estrangeiro.
Essa expansão em escala global processou-se nos últimos 30 anos simultaneamente com o crescimento do comércio internacional, estimulado e impulsionado por uma série de acordos e instituições multilaterais. Apesar de restrições ocasionais e temporárias impostas nos anos 60 e 70 pela França, Itália e Grã-Bretanha, sob forma de controle de importações e das operações de câmbio, ou nos NICs em função dos pontos de estrangulamento em seus planos de desenvolvimento, a maioria das nações do mundo capitalista