Tempo e Patrimonio
O autor aborda o que chama de presentismo, que seria o “crescimento rápido da categoria do presente” e a “evidência de um presente onipresente” a ser percebido em fins da década de 1980. Aponta para alguns indícios deste fenômeno, como o surgimento de uma “história do tempo presente”, ou a demanda pelo profissional da história em julgamentos de crimes contra a humanidade (que têm relação inédita com o tempo por serem imprescritíveis) (p.262). Sua pergunta central é: “um novo regime de historicidade, centrado sobre o presente, estaria se formulando?” (p. 261,265,...)
Pesquisa as relações, articulações e tensões entre presente, passado e futuro, e dialoga com Sahlins e Koselleck. O primeiro, antropólogo, analisou a forma de história de sociedades das ilhas do Pacífico, o segundo, historiador, pesquisou as experiências temporais da história, ou, “como em cada presente, as dimensões temporais do passado e do futuro tinham sido postas em relação” (Koselleck apud Hartog, p. 263).
Hartog quis relacionar antropologia e história, através da noção de “regime de historicidade” (cunhada a partir do trabalho de Sahlins). Ele explica que tal noção serve para comparar tipos de histórias diferentes, mas também, e principalmente, modos de relação e de experiência do tempo distintos, que resultam em regimes de historicidade distintos. A cidade de Berlim, na década de 1990, foi visitada pelo autor e por ele descrita como o lugar onde se impôs uma relação explícita com o tempo. Restos do Muro, edifícios destruídos, espaços vazios; o passado impôs-se em questões práticas: o que destruir, o que construir, o que preservar? Tensões entre a amnésia e o dever de memória se colocaram (p.264).
As palavras-chave de memória e patrimônio são abordadas como sintomas da nossa relação com o tempo. Chama de patrimonialização galopante o que teríamos desde as últimas décadas do século XX,