Tempo, história e memória

Tempo, História e Memória – Dr. Marcos Antonio Gigante
“Na realidade, não há percepção que não esteja impregnada de lembranças”, disse Henri Bergson. Neste autor, a memória é nosso conhecimento subjetivo das coisas, que permite uma ampliação tanto da matéria quanto da memória (espírito). Explique essa teoria.

Tentou recuperar a metafísica. Desenvolveu uma filosofia dualista. O espírito se opõe à matéria. A base dessa relação é o “élan vital”, o impulso original de onde provém a vida, e no desenrolar do processo evolutivo inventa formas de complexidade crescente até chegar ao instinto (animal) e à intuição (homem). A intuição subsume o instinto tomando consciência de si mesmo, de seu devir criador. Em Matéria e Memória (1896), a intenção de Bergson era afirmar a realidade do espírito e da matéria, tentar determinar a relação entre eles a partir do exemplo da memória; e assim separar o Idealismo (para quem a matéria é representação) e o Realismo (para quem a matéria seria misteriosamente capaz de produzir representações em nós, capacidade à qual chamamos de pensamentos, “espírito”, fora, entretanto, de perspectiva metafísica).
Bergson reduzia a matéria a um conjunto de imagens, sob uma perspectiva metafísica.
Eclea Bosi sintetizou a pergunta inicial de Bergson da seguinte forma: “O que percebo em mim quando vejo as imagens do presente ou evoco as do passado?”
Haveria uma particular relação entre imagem do corpo e ação: a continuidade do presente é manifestada por movimentos, ações-reações do corpo sobre o ambiente. Aqui haveria um esquema motor: imagem → cérebro → ação-reação, ou seja, da ida da imagem ao cérebro e volta em forma de ação-reação. A ação é positiva, porque a resposta é efetiva. A ação é reflexa, se a resposta é motora; ou é voluntária, quando escolhida. Mas em ambos os casos, há efetividade. Ou seja, a imagem não para no cérebro. Já na relação imagem do corpo/representação, o processo é diverso: a imagem suscitada “pára” no cérebro, não