Tempestade negra
D
esolação, falta de esperança. Essa imagem, “Mãe migrante”, assim como outras eternizadas pela fotógrafa Dorothea Lange, transmite o sentimento de boa parte da população dos
Estados Unidos durante a chamada Grande Depressão, na década de 1930. Muitas outras fotos artísticas dessa página triste da história norte-americana foram feitas por renomados fotojornalistas da época, entre eles Arthur Rothstein, Walker Evans,
John Vachon e Russell Lee, que haviam sido contratados pelo governo.
O objetivo era sensibilizar a sociedade para a necessidade de grandes investimentos públicos para reverter a situação.
O setor responsável pela estratégia não foi o Departamento do Tesouro, nem o do Trabalho, nem o do Interior. Foi o da
Agricultura, pois o problema a ser resolvido era ambiental, e havia sido provocado pela própria agricultura.
Entre as manifestações da natureza que assolaram as grandes planícies nessa época, as mais devastadoras foram as tempestades de poeira formadas pela conjunção de fortes ventos com enormes extensões de solo despojadas de cobertura vegetal.
Pressionados pela queda dos preços dos grãos após a crise de 1929, os agricultores aproveitaram ao máximo toda a terra disponível, fazendo uma supressão de gramíneas sem precedentes. Além de aumentar a exposição dos solos à ação dos ventos, essa remoção desmedida do verde redu50 unespciência .:. outubro de 2010
ziu a capacidade de retenção regional da umidade, diminuindo as chuvas.
As grandes tempestades de pó e areia resultantes dessa imprevidência ocorreram de 1932 até 1936. A mais devastadora, a
Domingo Negro, de 14 de abril de 1935, inspirou a chamar esse tipo de catástrofe climática de Dust Bowl, ou bola de poeira
(esmagadora como a de boliche).
No Brasil, no mês passado, o History
Channel fez cinco apresentações de seu documentário Black Blizzard (Tempestade
Negra). O filme exibiu não só simulações desse fenômeno – mostrando