Temas transversais e a estratégia de projetos
Ulisses Ferreira de Araújo
Editora Moderna, 2003
O Autor
Professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP Leste), onde é vice-coordenador do Ciclo Básico, atualmente é professor-visitante na Stanford University School of Education (EUA). Nos últimos três anos também foi professor-visitante na Universidad Autonoma de Barcelona (Espanha), ministrando disciplinas no Programa de Doutorado "Psicologia de la comunicación: interacción social y desarrollo humano".
Capítulo 1 – Origens das disciplinas
Nesse capítulo o autor retrata as bases que foram estabelecidas para o surgimento das disciplinas e suas implicações para o sistema educacional. Menciona o pensamento cartesiano, postulado por Descartes, que propunha uma análise fragmentada do ser humano e da natureza. O relógio e suas engrenagens compõem a metáfora que foi empregada para explicar a natureza. Da mesma forma que o tempo passou a ser contido dentro do relógio, permitindo sua matematização, a natureza pode ser dividida em inúmeras partes, mais simples. O relógio podia ser analisado desmontando-o em pequenas peças, as quais, sendo mais simples, tornavam-se mais fácil a compreensão de seu funcionamento e, inclusive, seu conserto, quando necessário. A natureza e o ser humano começaram a ser analisados também dessa maneira, sendo divididos em pequenas partes, mais fáceis de estudar. O pressuposto adotado foi o de que, se entendendo as partes, entender-se-ia o todo. Daí nasceu à divisão disciplinar da natureza, ou seja, a estruturação das diversas disciplinas que passaram a estudar cientificamente, e de forma organizada, as diferentes classes de fenômenos do universo, da matéria, da vida humana e dos seres vivos.
Embora a teoria cartesiana tenha contribuído para o desenvolvimento das ciências e na solução de muitos problemas, não foi capaz de percebê-los na sua totalidade. Esse desenvolvimento