Tem clima para aprender?
Relacionar-se bem com os colegas, ser respeitado pelo docente, se sentir integrado e seguro na escola e achar que as aulas são úteis para a vida leva o aluno a ter um bom desempenho
FERNANDA SALLA Fernanda.salla@fvc.org.br Colaborou BIANCA OLIVEIRA A sensação causada pelo ambiente, de bem ou de mal-estar, interfere nas ações de professores e alunos e, portanto, no aprendizado. Abandonar a ideia determinista de que a escola apenas reproduz as desigualdades sociais, ou seja, não é capaz de ajudar os alunos em situação de vulnerabilidade a avançar, é o ponto-chave do clima aprendizagem. Já entender que a forma de professores e estudantes se relacionar mudou nas últimas décadas e saber lidar com essa nova conjuntura faz parte do clima relacional. O autoritarismo dos tempos da ditadura não funciona em um ambiente democrático, e a autoridade docente deixou de ser imposta. Hoje, ela precisa ser legitimada pelos alunos. Substituir as proibições e punições pelo ensino do respeito ajuda os alunos a aproveitar o que a escola tem a oferecer e a usá-la da melhor forma – o que se refere ao clima de pertencimento. “Nas instituições mais participativas, que incentivam o protagonismo dos estudantes, eles se sentem integrados, e não como hóspedes. Com isso os problemas de muitos são, menores do que naquelas com regras muito rígidas”, diz José Maria Avilés Martinéz, pesquisador especialista em convivência da Universidade de Valladolid, na Espanha. A observação e os levantamentos internos para avaliá-lo são importantes para identificar o que vai bem e o que precisa ser mudado, assim como incluir no projeto político-pedagógico (PPP) os princípios que regem a convivência. A tarefa não é simples, mas quando o professor assume a responsabilidade por iniciar a transformação, o trabalho tende a ficar menos penoso. “Se os alunos são parte do problema, devem ser incluídos na solução. Assim, o docente ganha aliados