Teia De Aranha
No conto em questão são apresentados dois personagens: Artur e o tio. Artur é descrito como um rapaz trabalhador, zeloso, bom sobrinho e homem honesto aos olhos da aldeia, livre, portanto, de qualquer suspeita. No segundo parágrafo do conto, o autor ironicamente destaca sua característica de trabalhador, o rapaz levanta um muro no Lameiro da Ribeira. A partir daí, o tio desaparece de repente, como um encanto, sem deixar rastros. Os moradores só percebem seu sumiço no dia seguinte, perto da hora do almoço. Inicia-se, portanto, o mistério no conto. O tio não tinha amigos, mas também não tinha inimigos que pudesse justificar seu sumiço, dificultando então a possibilidade de encontrar um suspeito, mas logo a seguir o narrador apresenta uma informação importante. O tio colocou o que tinha, no caso, seus bens, no nome do sobrinho.
O mistério permanece no decorrer da narrativa e são desencadeadas várias suspeitas e investigações. Todos buscam esclarecer o sumiço e decifrar o enigma. Artur era um homem honrado no conceito da aldeia, bom cristão, dedicado à família e para salvar a alma do tio mandou rezar vinte missas em São Cristovão. “... O padre Maurício reconheceu que a piedade do Artur roçara pelo exagero [...]” (Torga, p.195). Percebe-se por meio de algumas expressões uma certa ironia por parte do narrador, “[...] e no amor devotado do sobrinho, que a memória do Bento Caniço desbotou [...]” (Torga, p.195), parece que para fugir de suspeitas, o sobrinho toma algumas atitudes para demonstrar “amor” pelo tio e também sua autoconsciência o condena.
Outras mortes acontecem, dentre elas, a do Padre Maurício, “[...] Chegara também no céu a sua vez. E da terceira indigestão do ano, rebentou. Venceu a dos pepinos e dos pimentões, mas na dos melões o fígado não pôde mais”. (Torga, p.196) A morte do Padre parece