Tecnologia e ensino

TECNOLOGIA E ENSINO comunicação Francisco Rogerio de Oliveira Bonatto

É comum, quando tratamos de tecnologia levarmos nosso pensamento para as máquinas, principalmente as mais sofisticadas como os computadores e máquinas eletrônicas. Tecnologia, então, seguindo esta compreensão, seria a utilização ou a aprendizagem de como utilizar as máquinas eletrônicas ou de computação. Mas pensar tecnologia somente como uma atividade aplicativa, como uma mera aplicação de conhecimentos sobre como lidar com máquinas não seria empobrecer as possibilidades que as novas tecnologias da informação e comunicação nos apresentam? E se quisermos relacionar as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) com o ensino e a aprendizagem, tal compreensão não tenderia a limitar as imensas possibilidades que tal relação abre para os profissionais da educação? Penso ser oportuna a lembrança da origem grega, da etimologia do termo tecnologia: tekhné + logia. Num sentido mais geral: conjunto de técnicas, compreensão de técnicas. Mas é preciso estar atentos porque o sentido da palavra tekhné não é meramente o de técnica como se compreende hoje em dia, quase como se fosse somente a aplicação de procedimentos executados mecanicamente. Se este significado não está excluído do sentido do termo, ele aponta para um outro muito mais amplo: tekhné constitui uma arte, uma habilidade. Artes e habilidades que são fruto da exploração sobre o mundo, sobre a natureza, sobre a realidade tanto a natural, quanto a pessoal e a social. Há, portanto, na compreensão de tekhné uma amplitude de possibilidades que envolvem as habilidades e o conhecimento que as fundamenta. Assim, para os antigos gregos, de quem herdamos o termo, há uma tekhné relativa ao cuidado com as coisas naturais (o cultivo da terra, por exemplo), com as coisas sociais (a capacidade de retórica e oratória para expor idéias e procurar convencer os cidadãos sobre os rumos mais adequados para a vida da polis), com as coisas pessoais (a