Teatros municipais
CONSTRUIR TEATROS E CINETEATROS EM PORTUGAL: “NOVOS PALCOS PARA OS ARTISTAS, NOVOS ESPECTÁCULOS PARA O PÚBLICO”
Carlos Vargas
Investigador do Observatório Político
Este working paper representa uma parcela de uma investigação maior em curso. A possibilidade da descentralização cultural, associada a uma inusitada capacidade financeira oriunda da União Europeia, conduziu à renovação e construção de teatros e cineteatros em Portugal continental, nomeadamente a partir de 1997. Sendo certo que anteriores governos tinham já criado programas de apoio para aqueles equipamentos culturais, será o XIII Governo constitucional que dará visibilidade e expressão a uma medida de política da administração central do Estado que vai transformar a paisagem das artes do espectáculo em Portugal.
“Politics begins with place.” Göran Therborn, Why and how place matters 1
No início dos anos 1990, a situação dos teatros e cineteatros espalhados pelo país era pouco melhor do que decadente. No Porto, a Empresa do Teatro Rivoli, S.A. falira e a Câmara Municipal compra o edifício em 1989. O Rivoli abre ao público, completamente renovado, a 16 de Outubro de 1997. O São João Cine, também no Porto, é adquirido pelo Estado em 1992 e apesar de reabrir, no final desse ano, como Teatro Nacional São João, vai ser alvo de uma intervenção de fundo até 1995. Em 1991, o Coliseu do Porto celebrava o seu cinquentenário. No entanto, quatro anos depois, em 1995, a Empresa Artística SA, pertencente ao Grupo Aliança – UAP pretende vender o edifício à Igreja Universal do Reino de Deus. A polémica instala‐se e a opinião pública impede o negócio. Constitui‐se, então, uma associação sem fins lucrativos, com a participação da Câmara Municipal do Porto, Secretaria de Estado da Cultura,
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