Teatro
Texto de Paulo Mohylovski
PERSONAGENS
HOMEM(Sérgio)
MULHER(Leila)
MULHER DE CINZA(Marlene)
Peça de um ato
A cena se passa no alto de um prédio, num amplo espaço vazio, com vista para a cidade de São Paulo. Além deste espaço vazio, há uma casa de máquinas, onde há uma escada que leva a um patamar um pouco mais alto. É no teto da casa das máquinas que a personagem Mulher de Cinza transita.
Quando a cortina se abre, um homem está fumando, indiferente, encostado na mureta que cerca a cobertura do prédio. Por uma porta lateral, a Mulher entra. Ela parece tensa. Olha para o homem por um momento. Ele não se importa com ela. A Mulher se aproxima da murada, um pouco distante do homem, e tenta acender um cigarro. Percebe-se que o isqueiro dela está no fim. Ela tenta de todas as maneiras acender o cigarro, mas não consegue. Até que decide se aproximar do homem.
MULHER
Oi!
O Homem a olha, sem nada responder.
MULHER
Você poderia me emprestar o seu isqueiro?
O Homem tira o isqueiro do bolso e passa para a mulher que acende o cigarro. Ela devolve o isqueiro para o homem.
MULHER
Obrigada!
O Homem guarda o isqueiro, sem nada dizer. A mulher não se afasta. Olha para o homem de uma maneira enigmática. Vai puxar conversa. Neste momento, A Mulher de Cinza surge no alto da casa de máquinas, ao fundo, mais alta do que os dois. Ela também fuma. Está com uma roupa toda cinza, mas com botas negras, bem novas e reluzentes.
MULHER
Parece que só nós dois fumamos aqui, não é mesmo? Eu já vi o senhor outras vezes e nunca vi outra pessoa por aqui.
HOMEM
Eles preferem fumar lá embaixo.
MULHER
Com esta nova lei ninguém quer se arriscar fumar dentro do prédio.
HOMEM
Eles têm medo.
MULHER
Eu acho uma bobagem. O que um fiscal da prefeitura pode fazer? Prender alguém por estar fumando?
HOMEM
Eles têm medo de fumar aqui, na cobertura.
MULHER
Eu também tive medo, depois que fiquei sabendo da história, mas