Teatro Opera do Malandro
Max entra em cena .....
- Alguém já disse que, quando o artista sente a necessidade de explicar sua arte ao público, um dos dois é burro. É dispensável dizer que não pretendemos arremessar semelhante adjetivo sobre a distinta platéia. Quanto a nós, mesmo correndo o risco de endossar tal qualificação, achamos por bem dirigir-lhes umas palavrinhas a guisa de introdução. Eu pessoalmente, como personagem principal deste espetáculo, devo dizer que ele representa uma nova vereda para a nossa companhia teatral. Acredito que é tempo de abrirmos os olhos para a realidade que nos cerca que nos toca tão de perto e que às vezes relutamos em reconhecer. E a nossa companhia chegou à conclusão que é chegada a hora e a vez do autor nacional, esse profissional sempre às voltas com intrincados problemas que o impedem de se comunicar mais amiúde com seus conterrâneos e, não raro, de viver dignamente do ofício que um dia resolveu abraçar. Pois bem. Após longa e persistente pesquisa, logramos encontrar uma peça de autor ainda inédito em nossos palcos, mas que goza de palpável prestígio nas chamadas rodas de malandragem da noite carioca. E estou certo de que não há desdouro algum para o curriculum da companhia que aqui represento em montar esta "Ópera do Malandro", cujo autor sou eu que vos falo. A minha história é imprópria para menores. Como Chico Buarque, eu também estou sendo censurado. Pela professora, pela ETEC, pelo sistema que não me deixa contar em peça um episódio importante da minha vida. Acreditam? Essa história se passava num bordel, prostíbulo, casa de meninas felizes. Sei lá... Como queiram... Bem, o que importa mesmo não é isso e sim a exploração que as meninas sofriam por lá, que não é muito diferente da que sofrem as meninas por aqui, as nordestinas , as bolivianas e tantas outras em nossas Oficinas de costura do Bom Retiro e do Brás.
E eu, do mesmo jeito que dava aquele carinho, aquela atenção especial às meninas, continuo ajudando as