Teatro Grego - breve análise de Antígona e Édipo em Colono
Apesar da tragédia de Sófocles possuir como título Antígona, pode-se afirmar que a personagem central é Creonte, uma vez que tal personagem é conduzida a uma reviravolta, sofre a catástrofe. Por conta de sua cegueira, por seu caráter tirânico, Creonte enterra Antígona viva e recusa o túmulo a Polinices morto, com isso suscita não apenas a ira dos deuses subterrâneos, como também, a dos olímpicos. Com o suicídio de seu filho Hémon e de sua esposa Eurídice, há uma transformação, Creonte compreende a injustiça que cometeu – compreensão tardia esta –, e com isso há a revelação.
“Créon – Ó delitos da mente demente, Teimosia mortal! De um mesmo sangue oriundos São a vítima e o réu que aqui vedes: Ó loucura das leis que ditei! Ó meu filho imaturo que a morte, Ai de mim!, Imatura levou, Não por teu, mas por meu desatino! Coro – Tu tardaste a enxergar o que é justo. Créon – Ai de mim! Compreendi bem tarde. Naquele momento, Um deus, desabado com todo o seu peso Sobre mim, levou-me por falsos caminhos E calcou aos pés toda a minha alegria. Ai de mim! Ó vão esforços dos mortais!” (versos 1261 - 1276) Na peça, Antígona representa a justiça divina e Creonte representa a justiça dos homens (pólis). No prólogo, Antígona, ao conversar com a irmã Ismene em voz baixa, confessa seu desejo de enterrar o irmão Polinices – considerado inimigo da pólis –, cuja sepultura fora proibida por um decreto de Creonte. Antígona contraria o edito proclamado pelo chefe da cidade por entender que há uma lei divina, universal, que transcende o poder de um soberano; esta lei refere-se aos laços familiares, de sangue, a família é vista como uma entidade inseparável.