Teatro dom camurro
NARRADOR: A vida de Bento transcorre sem maiores incidentes até a 'célebre tarde de novembro' de 1857, quando, ao entrar em casa, ouve pronunciarem seu nome e esconde-se rapidamente atrás da porta. Na conversa entre sua mãe e o agregado José Dias, que morava com a família. Bentinho, como era então chamado, fica sabendo que sua mãe se mantém firme na intenção de colocá-lo no seminário a fim de seguir a carreira eclesiástica, segunda promessa que fizera a Deus caso tivesse um segundo filho, já que o primeiro morrera ao nascer:
JOSÉ DIAS: D. Glória, a senhora persiste na idéia de meter o nosso bentinho no seminário? Não me parece bonito ver o nosso Bentinho metido nos cantos com a filha do vizinho.
D. GLÓRIA: metido nos cantos ?
JOSÉ DIAS:É modo de falar.. de segredinhos, um na casa do outro, sempre juntos. A pequena é uma desmiolada.. Compreendo o seu gesto; parece-lhe que todos tem a alma cândida.
D. GLÓRIA: Mas, SR José Dias, tenho visto os pequenos brincando.. Não se esqueça que foram criados juntos.. Em todo caso, vou tratar de metê-lo no seminário quanto antes.
NARRADOR: Bentinho saiu do corredor, indo para seu quarto enquanto pensava nas vozes confusas de José Dias “ SEMPRE JUNTOS, EM SEGREDINHOS”.
BENTO: Não era feio meninos como eu andarem nos cantos com as meninas, afinal, eu amo Capitu. E Capitu, será que me ama ?
NARRADOR: Bento ficou pensando nisso, e repensou em sua amizade com ela, e teve ainda mais certeza que a amava. Desceu as escadas a caminho da casa dela, para contá-la o que acabara de ouvir.
BENTO: Mamãe quer me levar para o seminário, mas eu não quero, é escusado teimarem comigo.
CAPITU: Beata, carola, papa-missas!! Estou com raiva.
NARRADOR: Bento nunca tinha visto Capitu xingar sua mãe assim, quis defende-la mas Capitu não deixou, continuou falando:
CAPITU: Agora você vai entrar!!
BENTO: Não entro
CAPITU: Você verá se entra ou não.. AH! Tive uma idéia, José Dias!
BENTO: O que tem José Dias ?
CAPITU: Ele gosta