TDE TRABALHO FINAL V2
O filme 'Eyes Wide Shut' foi o primeiro exemplo apresentado em aula. Com ele, procurámos dar preponderância ao conceito de "máscara", muito recorrente, aliás, na obra Drama e Comunicação, de Paulo Filipe Monteiro. A cena escolhida mostra precisamente o protagonista numa sala cheia de indivíduos mascarados. Ele próprio usava uma máscara, a qual lhe foi ordenado que retirasse. Por isso (e pelo diálogo) entendemos que o personagem principal não pertencia ali e que foi alvo de exclusão e de hostilidade. Esta hostilidade (que incluiu ameaças à vida do protagonista), resulta de um sentimento de desconfiança e de ameaça, de que um desconhecido expusesse o que se estava a passar.
Este exemplo, no nosso entender, corresponde a uma hostilidade social da qual muitos artistas - especialmente os actores - foram alvo. Na Antiguidade Clássica, os actores de teatro usavam máscaras que representavam outra identidade à qual estavam a dar vida. Com o passar do tempo, desapareceram as máscaras físicas (por norma, pelo menos), mas não desapareceu a essência da máscara. Cada representação em palco corresponde ao colocar de uma máscara, ao trazer à luz uma nova existência, um novo carácter... uma nova pessoa. Esta noção, sem dúvida libertadora e poderosa, comporta certos riscos: como se viu no exemplo escolhido, o indivíduo, ao mascarar-se e ao esconder a sua identidade, adquiriu poder; um poder que os outros compreenderam ser sobre eles. Sentiram-se ameaçados e, por isso, ameaçaram-no também.
O mesmo se verificou, ao longo da História, em diversos períodos, na relação do Poder (elites governativas) com os actores. Muitas vezes, os actores eram mal-vistos, encarados como dissimuladores (mentirosos). E a sua profissão, desvalorizada, praticada pelas franjas mais desfavorecidas da sociedade. Esta visão de desprezo perante os actores pode ser interpretada como uma defesa, por parte do Poder instituído, face ao poder que um actor adquire, quando fala