tcc psicanalise

Recorrendo a Lacan, temos:
Ocorre até que a sociedade se considere tão alterada em sua estrutura que recorre a processos de exclusão do mal sob a forma de um bode expiatório, ou então de regeneração através de um recurso externo. Responsabilidade coletiva ou mística da qual nossos costumes trazem os vestígios, quando não tenta vir novamente à luz por meios invertidos (...). É aí que a psicanálise pode esclarecer as vacilações da noção de responsabilidade.
(Lacan; 1948, 1998, p.129).
Psicanálise
Conta-nos a história, como nos fala Fernandes (2000), que os primeiros homens, até então “selvagens”, matavam para comer ou para obter o objeto de satisfação sexual. Não havia uma barreira para o assassinato se este fosse necessidade biológica. Com o tempo, aqueles homens, cansados de viverem sozinhos no meio de tantos temores e inimigos, abriram mão de parte de sua liberdade e se aproximaram para viver com mais segurança. Viviam em hordas, mas num contínuo estado de guerras entre si.
Desde a pré-história, portanto, encontramos vestígios dos conflitos entre os humanos, com lutas que levavam à morte. A forma como a violência se faz presente entre os homens se modifica ao longo dos tempos. As lutas que se iniciaram corpo-a-corpo, vida-a-vida, foram tomando outra dimensão. Com a invenção do arco, por exemplo, há dez mil anos, o homem revolucionou a sua relação com o seu opositor, seja na caça, seja com outro homem. Com o arco, o homem pôde matar à distância. Com o passar dos tempos, estabelecendo-se em territórios, surgiram os defensores, os desbravadores e os invasores.
Cresceram as fortalezas, surgiram a pólvora e os soldados. Usaram-se cavalos nas batalhas; depois vieram os jipes, os aviões, os submarinos, as baionetas, os canhões, as bombas e tudo o mais.
Nas últimas décadas, aponta Wieviorka (2006), abriram-se caminhos para novas expressões de violência –entre elas as formas maciças do crime organizado–, para formas agudas de terrorismo