tabacaria
No poema é predominante o niilismo, o sentimento de revolta, o inconformismo, a desumanização, também, um deprimente vazio e a desilusão própria dos tempos pós-guerra e certo desleixo do português, como o próprio Pessoa afirmou em apontamentos.
O texto é um poema moderno, caracterizado assim pelos versos livres, versos que Ricardo Reis, outro heterônimo de Pessoa, em um apontamento no livro `O Eu profundo e outros eus` faz as seguintes considerações:
"O que verdadeiramente Campos faz, quando escreve em verso, é escrever prosa ritmada cm pausas maiores marcadas em certos pontos, para fins rítmicos, e esses pontos determina-os ele pelos fins dos versos. Campos é um grande prosador, com uma grande ciência é o ritmo da prosa, e a prosa de que se serve é aquela em que se introduziu, além dos vulgares sinais de pontuação, um pausa maior e especial, que Campos, como os seus pares anteriores e semelhantes, determinou representar graficamente pela linha quebrada no fim, pela linha disposta como o que se chama um verso."
Nos primeiros versos (Não sou nada/ Nunca serei nada./ Não posso querer ser nada), já se percebe a descrença presente em relação a si mesmo e ao longo do poema em relação a tudo. O Eu-poético sabe que só o que possui são sonhos. ( ...tenho em mim todos os sonhos do mundo.).
Sozinho no quarto o Eu-poético contempla a rua, motra-se uma oposição entre dentro (o quarto), subjetivo, a sua reflexão, e a rua (fora) a realidade objetiva, e percebe que lá há um mistério que ninguém vê (Dais para o