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538 palavras
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É impossível fazer qualquer retrospectiva da história do cinema e não mostrar o rosto acima. O rosto pertencia a Maria Falconetti, e este é o único filme que protagonizou. Felizmente para ela, o suficiente para gravar seu nome na história do cinema. Em um tempo em que o cinema não tinha palavras, o lendário diretor Carl Theodor Dreyer usou o rosto da atriz para capturar a essência da personagem e conseguiu com um poder impressionante. É assistir o filme e olhar nos olhos da atriz para perceber que está diante de uma imagem que não vai te abandonar.A renomada crítica de cinema Pauline Kael escreveu que essa pode ser a melhor performance já realizada em frente de uma câmera. Falconetti tinha uma expressão tão impressionante, que Dreyer a convidou para fazer o filme depois de assistir uma comédia que ela estava fazendo no teatro. Apesar de se tratar de uma comédia, havia algo no rosto da atriz que hipnotizou o diretor. "Havia uma alma atrás daquela fachada", como ele disse.
Diz-se que Dreyer jogou fora o roteiro e filmou a partir das transcrições do julgamento de Joana D'Arc. Essas "simples" transcrições contam a história de uma mulher que se transformou em uma lenda. A história de como uma mulher simplória do campo, se vestiu como um homem e liderou as tropas francesas contra os ingleses. Ela acabou sendo capturada por franceses leais à Inglaterra e julgada pela inquisição pois suas alegações que tinha inspirações divinas foram consideradas heresia e queimada na fogueira em 1431.
Outro fato que se conta deste filme, é que Dreyer descobriu que a montagem que fez foi acidentalmente destruída, e que ele teve que remontar o filme a partir de material que rejeitou na primeira montagem. Talvez por isso, tenhamos um filme sem uma única cena aberta e que mostre o grandioso cenário construído para o filme. Seja qual for a intenção, os closes funcionam tão bem estabelecendo uma relação entre os acusadores que temem a coragem da mulher.
E a montagem vai além. pouquíssimos