Sócrates
SÓCRATES E OS SOFISTAS
Prof. Tiago Fávero
1) Introdução
O pensamento de Sócrates é um marco na constituição de nossa tradição filosófica e pode-se dizer que inaugura a filosofia clássica rompendo com a preocupação quase que exclusivamente centrada na formulação de doutrinas sobre a realidade natural que encontramos nos filósofos pré-socráticos.
Os sofistas são contemporâneos de Sócrates, seu principal adversário, assim como o foram posteriormente
Platão e Aristóteles. Apesar disso, Sócrates e os sofistas compartilharam, embora com visões diferentes e até mesmo diametralmente opostas, o interesse fundamental pela problemática ético-política, pela questão do homem enquanto cidadão da polis, que passa a se organizar politicamente no sistema que conhecemos como democracia. O pensamento de Sócrates e dos sofistas deve ser entendido, portanto, tendo como pano de fundo o contexto histórico e sóciopolítico de sua época, pois tem um compromisso bastante direto e explícito com essa realidade. Isso mostra uma proximidade maior entre Sócrates e os sofistas do que entre Sócrates e os pré-socráticos.
A democracia representa exatamente a possibilidade de se resolverem, através do entendimento mútuo, e de leis iguais para todos, as diferenças e divergências existentes nessa sociedade em nome de um interesse comum. As deliberações serão tomadas, assim, em reuniões de cidadãos, as assembléias. Isso significa que as decisões são tomadas por consenso, o que acarreta persuadir, convencer, justificar, explicar. Não se dispõe mais da força, dos privilégios, da autoridade de origem divina. Anteriormente, havia a imposição, a violência, a obediência, o privilégio, a tradição, o medo como formas de exercício do poder. A linguagem, o dialogo, a discussão rompem com a violência, o uso da força e do medo, na medida em que, em princípio, todos os falantes tem no diálogo os mesmos direitos
(isegoria): interrogar, questionar,