Sócrates, o kiko?

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Obrigado a calar-se, reconhece que, afinal, nada saber. É nisto que consiste a ironia socrática. Por isso, “Sócrates comporta-se como um ‘moscardo’; espicaça as consciências adormecidas no sono fácil das ideias feitas. Esta atitude tem, para ele, a consequência de ser detestado.” (CHÂTELET, s.d.: 75-76).
E a imagem é do próprio Sócrates que tanto se compara a um moscardo, porque pica, como a uma tremelga que, pelo choque, paralisa a sua presa.
O método de Sócrates, ou a ausência de método, como preferimos, também agora se revela: “trata-se para Sócrates (...) não de opor uma tese a outras teses, mas de se constituir como o negativo. (...) A sua finalidade é destruir a certeza e as suas justificações ilusórias opondo-lhes não uma verdade (...) mas o fracasso, a ausência de resposta e, a partir daí, a exigência de uma interrogação conduzida e compreendida de modo diferente. Ele não ensina o que é preciso saber, mas como se deve conduzir-se se se quer pôr em situação de saber. Ele não reclama uma adesão: propõe uma arrancada.” (CHÂTELET, s.d.: 81-82)
A sua tarefa é denunciar a falsa sabedoria (incluindo a dos novos mestres pensadores, os sofistas), consciencializar os outros que nada sabem e pô-los face a face com a sua própria ignorância. Conduzi-los, assim, a uma outra atitude, a uma nova atitude, a única que nos pode colocar em posição não de saber mas de poder vir a saber. O que ele exige é uma conversão. A ciência não é imposta de fora para dentro, pelo contrário, ela só pode ‘nascer’ de dentro e, então, exteriorizar-se fora. Logo, a ciência não se aprende nem se ensina; não é um conteúdo que se transmita é, isso sim, uma construção que cada um tem de realizar por si próprio e em si próprio, exigindo um esforço pessoal. É, no dizer de Platão, diálogo da alma consigo mesma. Não deixa de nos vir à mente a célebre afirmação Kantiana: Não se a rende a filosofia. Aprende-se a filosofar.9
É este o grande sentido da ironia socrática e do “conhecer-te a ti mesmo” (

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