Síntese sobre o Câncer
Tanto os seres humanos como os animais são capazes de reparar seus tecidos depois de uma ferida, e o mecanismo que realiza essa reparação é a inflamação. O cirurgião Dioscorides, descreveu a inflamação de uma maneira simples. “Ele dizia: ‘Rubor, tumor, calor, dor”. Está vermelho, está inchado, está quente e está doendo... Mas apesar de termos tão simples, existe um mecanismo muito complexo e poderoso que entra em ação. Quando sofremos algum tipo de lesão em algum tecido do nosso corpo, imediatamente essa lesão é detectada pelas plaquetas do sangue que se juntam em torno do local lesionado e liberam a substância PDGE, (em livre tradução: “fator de crescimento derivado de plaquetas”), que alertam as células brancas do sistema imunológico e produzem uma série de outros mediadores químicos que vão direcionar o processo de reparação, dentre eles: citocinas, quimiocinas, prostaglandinas, e outros. Primeiro os vasos adjacentes são dilatados no local lesionado para garantir o afluxo das células de reforço, tapam a brecha ativando a coagulação e tornam os tecidos vizinhos permeáveis para as células imunológicas e por último provocam a multiplicação das células do tecido lesionado para que ele reconstrua o pedaço que falta. Sabemos a alguns anos que o câncer se alimenta precisamente de um desses mecanismos de reparação, e este é o outro lado da inflamação, quando ela garante a formação de novos tecidos, o câncer faz com que mude de direção, e em vez de curar a lesão, alimenta-o. Um grande médico alemão chamado Rudolf Virchow no ano de 1863 observou nas células de seus pacientes que desenvolveram câncer onde havia lesão no tecido, numerosas células brancas no interior do tumor e criou a hipótese de que o câncer era a tentativa de reparação desse tecido. Sua descrição não foi levada a sério, porém 120 anos depois, um professor de patologia da Faculdade de Medicina de Harvad, o Dr. Harold Dvorak, retomou essa hipótese argumentando que há