Síntese Amor Liquido
Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos - Zigmunt Bauman
Alejandra Saladino1
Zigmunt Bauman, professor emérito de sociologia nas Universidades de
Varsóvia e de Leeds, na Inglaterra, é um dos mais prestigiados estudiosos da modernidade tardia; destaca-se por suas análises do cotidiano, especificamente sobre os vínculos sociais possíveis no mundo atual, caracterizado, segundo o autor, pela velocidade e pela angústia que pairam no ar, considerando que nossas ações efetuadas mudam antes mesmo de se consolidarem as práticas do dia-a-dia.
Em seus livros – por sinal, com boa performance no mercado literário –
Bauman trata da ambigüidade inerente aos dias de hoje, a dor e a delícia da possibilidade de se ter acesso às coisas e às pessoas de forma a estar potencialmente pronto e aberto para novas relações e “apropriações”, tornando as primeiras
“resíduos”.
O autor analisa um contexto decorrente de dois aspectos centrais. O primeiro seria a “vontade de liberdade” inerente à constante busca pela individualização. O segundo seria a velocidade, responsável pela “inconsistência” das relações e pela alta produção de dejetos. As coisas e as relações não mais são feitas para durar; há sempre novos “produtos”, mais modernos, atraentes e estimulantes para serem consumidos. Assim, Bauman trata das conseqüências provocadas pela busca da liberdade em detrimento da vida social estável.
Em Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos, Bauman dá outro significado à noção de liquidez quando referida às relações humanas, distinto, ou melhor, inverso àquele empregado nas relações bancárias.2 A liquidez referente a importantes somas de dinheiro significa a possibilidade de realização de qualquer desejo que envolva o consumo de segurança. Por outro lado, o amor líquido, em última instância, representa a possibilidade de sentir-se desprovido, inseguro.
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Alejandra Saladino, doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade do Estado