Sérgio Buarque Holanda - Raízes do Brasil
Raízes do Brasil
“O Semeador e o Ladrilhador”
Sérgio Buarque de Holanda
Em “O Semeador e o Ladrilhador”, Sérgio Buarque mostra o processo de criação de cidades nas colônias espanholas. Estas serveriam como um instrumento dominante do espaço, uma forma de conquista. Diferente das cidades portuguesas, mais litorâneas, elas adentravam no território, conquistando os planaltos e se davam tambem de forma mais ordenada. Antes da ocupação efetiva, buscava-se estudar o local, determinando as áreas mais interessantes pelas características climaticas, morfológicas, abundância de alimentos, entre outros. Tudo era pensado antecipadamente, inclusive as etapas do desenvolvimento da construção da cidade. Essa estratégia determinava o futuro de sua rede urbana, implementando uma ordem cósmica. Por parte de portugal, houve um momento na história nacional em que por iniciativa própria de aventureiros, os chamados “pioneer paulistas”, ocorreu uma exploração das terras mais interiores. Essa iniciativa, em contraposição ao estímulo da metrópole, não teve de início um caráter colonizador. Já no terceiro século do domínio português existe um afluxo maior de imigrantes para além da faixa litorânea, devido ao descobrimento de ouro das Gerais. Porém, havia uma recomendação da Coroa portuguesa em povoar regiões próximas às grandes correntes navegáveis. O fundamento do esforço colonizador de Portugal se dava na base da comunicação por via marítima. A parte administrativa portuguesa era relativamente mais liberal em relação à espanhola. Por exemplo, era permitida a livre entrada de estrangeiros que se dispusessem a trabalhar. Esse sistema era indesejado por parte castelhana, e visto como aspecto negativo à sua sociedade. A rotina foi o princípio que norteou os portugueses em suas atividades colonizadoras. Agiam por experiências sucessivas, diferente dos espanhóis que possuíam uma técnica coordenada, traçada por um plano seguido a risca do início ao fim.