Sépia - Ria Aveiro
SEPIA OFFICINALIS (LINNAEUS, 1758), DA RIA DE AVEIRO E DO
LITORAL ADJACENTE
Isabel Jorge e Maria Preciosa Sobral
Centro Regional de Investigação Pesqueira do Centro IPIMAR
RESUMO
De Maio de 2000 a Outubro de 2001 realizaram-se na Ria de Aveiro operações de pesca dirigidas ao choco, principalmente em dois locais (Porto Comercial e Muranzel) utilizando a arte de tresmalho. Paralelamente registaram-se os valores de algumas características hidrológicas e na safra de 2001 procedeu-se ainda à amostragem dos desembarques de choco do litoral adjacente proveniente da pescaria artesanal do tresmalho fundeado. Os resultados permitiram concluir que a migração desta espécie para a Ria e para a zona costeira adjacente se iniciou no primeiro trimestre e tem como finalidade a postura. Em termos médios os primeiros reprodutores a chegar foram os de maiores dimensões que, na Ria de Aveiro, parecem ocupar preferencialmente as áreas de jusante. Na laguna, os comprimentos dos indivíduos variaram de 2 a 23 cm, correspondendo a classe de comprimento mais frequente dos indivíduos da Ria (13 cm) praticamente ao limite inferior das distribuições do litoral. O choco parece alcançar a maturação sexual à medida que o tamanho do manto se aproxima dos 9 cm (9,5 cm para os machos e 8,5 cm para as fêmeas). A reprodução foi mais intensa de Junho a Agosto embora tivessem ocorrido indivíduos em postura de Fevereiro a Outubro. Os indivíduos imaturos ocorreram essencialmente em Setembro e Outubro.
As principais espécies acessórias foram, por ordem decrescente, o caranguejo verde (Carcinus maenas), o linguado branco
(Solea senegalensis), a solha (Platichthys flesus) e o rodovalho (Scophthalmus rhombus), variando a abundância da primeira espécie inversamente à abundância do choco, tanto na zona mais próxima da embocadura (P. Comercial) como na mais afastada (Muranzel).
A pluviosidade parece ter um efeito negativo na abundância