A pesquisa como fator institucionalizante da Arquivologia enquanto campo científico no Brasil (texto dos Anais da I Reunião Brasileira de Ensino de Arquivologia, em fase de publicação) José Maria Jardim Há talvez duas décadas - e não apenas no Brasil - a perspectiva de pesquisa na Arquivologia tendia a ser confundida com pesquisa nos arquivos. Esse quadro correspondia a uma visão de Arquivologia como um conjunto de métodos e técnicas para a organização dos arquivos, especialmente os permanentes. Resultantes do empirismo predominante no modelo de instituição arquivística tradicional, esses métodos e técnicas corroboravam uma Arquivologia de cunho fortemente estatal e positivista. O conhecimento arquivístico, plasmado sobretudo em manuais, tinha como lócus fundamental a instituição arquivística pública que, formal ou informalmente, foram e seguem sendo espaços de formação de arquivistas. Muita empiria, vários métodos de ordenação documental e pouco adensamento teórico caracterizavam a Arquivologia, “disciplina auxiliar” da História. Após a II Guerra Mundial, especialmente em países anglo-saxônicos, o confronto com a grande produção de documentos pelas administrações públicas e a busca de soluções calcadas nos princípios de gestão de documentos, provocaram deslocamentos nas práticas arquivísticas, bem como nas concepções do que é um arquivista e de como deve ocorrer a sua formação profissional. Essas alterações, porém, não chegaram a favorecer maiores avanços na reflexão sobre a Arquivologia como disciplina científica, seus objetos, suas teorias e metodologias. Em alguns casos, cria-se uma visão fracionada do fluxo arquivístico entre Gestão de Documentos e Arquivologia. Menos “auxiliar” da História e, nesse momento, mais “auxiliar” da Administração, a Arquivologia teve ampliadas suas possibilidades teóricas, empíricas e metodológicas, sem, no entanto, revelar novos horizontes epistemológicos ou consolidar seu estatuto como disciplina científica. Esse quadro começa ser