São tomás de aquino e as provas da existência de deus: a prova do movimento
São Tomás de Aquino foi, seguramente, um dos maiores filósofos da História, e certamente o maior expoente da teologia. Sua obra é tão influente que ainda nos dias de hoje escrevem-se numerosas obras a seu respeito, exaurindo ainda muito pouco do potencial intelectual contido nelas. Sem dúvida, a obra mais conhecida de S. Tomás é a monumental “Suma Teológica”, em que complexas questões de teologia são definidas e articuladas seguindo o método da disputatio, bastante comum na Idade Média, em que a razão e a lógica dos argumentos disputados é mais importante que a argúcia ou retórica de quem argumenta. Um dos tópicos mais conhecidos da Suma Teológica é a seção que trata das provas da existência de Deus, contida no primeiro volume, questão 2, artigos 1 a 4 (na citação tradicioal, Suma Teológica I, q.2, a.a 1, 2, 3 e 4). A pergunta inicial é se a existência de Deus é verdade de evidência imediata; o argumento conclui que a proposição “Deus exite” é evidente em si mesma, mas que não é evidente para nós (homens), porque desconhecemos a natureza divina, e por isso precisa ser demonstrada. A argumentação prossegue, portanto, admitindo a necessidade da demonstração. Os cinco grandes argumentos empregados, também conhecidos como as “Cinco Vias”. Este artigo aborda a primeira delas (1), mais conhecida e de fácil compreensão. Esta primeira via é conhecida como a “prova do movimento”, baseada no caráter mutável das coisas. O pressuposto é que há coisas que mudam, como a semente que torna-se uma planta, e que cresce até tornar-se uma árvore. Há coisas que mudam apenas quanto aos seus acidentes, como um piso branco que é pintado de vermelho. De todo modo, a mudança depende de um agente externo (como a tinta vermelha), que já tenha em si a característica que pretende passar àquilo que será mudado. Na linguagem filosófica, o ser que age para mudar algo tem já as perfeições que irá transmitir a