são paulo
Csaba Deák
Creio que certas realidades americanas, por não haverem sido exploradas literariamente, por não haverem sido nomeadas exigem um grande, vasto, paciente, processo de observação. ... Convenço-me que a grande tarefa do romancista americano de hoje está em inscrever a fisionomia de suas cidades na literatura universal...
Alejo Carpentier Literatura e consciência política na América Latina, 1969
Em pouco mais de uma geração a partir dos meados deste século, o Brasil se transformou de um país predominantemente agrário em um país virtualmente urbanizado. Em 1950, tinha uma população de 33 milhões de camponeses --em crescimento-- com 19 milhões de habitantes nas cidades, ao passo que hoje tem a mesma população no 'campo' -agora diminuindo- mas a população urbana sextuplicou, para mais de 120 milhões. É claro que transformações quantitativas de tal magnitude implicam em transformações qualitativas de profundidade. O país, se não está inteiramente 'urbanizado', tem seguramente caráter preponderantemente urbano. As condições de produção nas áreas urbanas - nas 'cidades' - são agora as da virtual totalidade da economia e as condições de vida nas aglomerações urbanas são aquelas da maioria da população. Acima de tudo, as aglomerações urbanas constituem a base e o palco das transformações futuras da sociedade assim como de sua economia.
O impacto da urbanização e planejamento
Rapidez e intensidade têm caracterizado o processo de urbanização desde seus primórdios no último quartel do século passado. Escrevendo em 1970, quando São Paulo já havia se tornado o símbolo e epítome da urbanização no país, o geógrafo Juergen Langenbuch assim se referiu a seu crescimento no período 1874-1920:
A evolução da cidade, de pequeno burgo de vinte mil habitantes a um aglomerado apreciável de meio milhão, em menos de cinquenta anos, constitui fenômeno deveras notável.
Langenbuch (1970) A estruturação da Grande São Paulo,