São Bernardo
A confissão do narrador faz com que percebamos que para alcançar sua ascensão ele destrói seu caráter e perde a sua humanidade, tornando-se áspero, mesquinho e rude, fruto da corrente científica do Determinismo.
"Princípio segundo o qual tudo no universo, até mesmo a vontade humana, está submetido a leis necessárias e imutáveis, de tal forma que o comportamento humano está totalmente predeterminado pela natureza, e o sentimento de liberdade não passa de uma ilusão subjetiva". Fonte: Infoescola.
Paulo Honório é o típico capitalista, fazendeiro, ambicioso e que faz tudo para conseguir o que deseja. Ele representa uma força que transcende limites e em função da qual vive: o sentimento de propriedade. Já as pessoas que o rodeiam são apenas frágeis, distantes e nada mais do que objetos, peças que devem estar a disposição do narrador.
Paulo Honório é muito esperto, isso é inquestionável. Ele molda as relações, os negócios e o diálogo de modo a favorecê-lo sempre, ou seja, ele não aceita as derrotas facilmente.
O próximo lhe interessa na medida em que está ligado aos seus negócios e interesses. Até as pessoas a quem desenvolve gratidão e amor são taxadas como objetos e suas relações são quantificadas.
Segundo alguns críticos, São Bernardo nos mostra como a escrita de Graciliano é enxuta, curta, direta e bruta. Essa característica é adotada pelo narrador quando se amesquinha até nas palavras que usa:
"É o processo que adoto: extraio dos acontecimentos algumas parcelas; o resto é bagaço."
Sobre a vida afetiva, percebemos que ela não é intensa e sempre permanece em segundo plano. Paulo não se vê um homem capaz de ser amado.