Suzy Coronelismo
BRITTOS, Valério Cruz; BOLAÑO, César Ricardo Siqueira (Org.) . Rede Globo: 40 anos de poder e hegemonia.1 ed.São Paulo : Paulus, 2005, v.1, p. 77101.
Coronelismo, radiodifusão e voto: a nova face de um velho conceito
Suzy dos Santos
Sérgio Capparelli
A expressão coronelismo foi definida por Victor Nunes Leal, em 1949, 1 referindose aos fazendeiros que recebiam a patente militar no período imperial. A partir da instalação da chamada República Velha (18891930), estes coronéis incrementaram sua estrutura de poder baseados num sistema eleitoral que não previa a votação secreta. A dependência dos trabalhadores rurais em relação aos coronéis e a possibilidade de conferência dos votos criaram uma situação na qual o ‘voto de cabresto’ era praticamente obrigatório. Desta forma, os coronéis municipais se aliavam às oligarquias estaduais, representadas principalmente pelos governadores, e estas ao Governo Federal, numa intensa rede de favores. Segundo Leal: o “coronelismo” é sobretudo um compromisso, uma troca de proveitos entre o poder público, progressivamente fortalecido, e a decadente influência social dos chefes locais, notadamente os senhores de terra [...] Desse compromisso fundamental resulta as características secundárias do sistema “coronelista”, como sejam, entre outras, o mandonismo, o filhotismo, o falseamento do voto, a desorganização dos serviços públicos locais. 2
O estabelecimento do voto secreto, no Governo Provisório Vargas, não deu fim a esta situação de coronelismo político. Pelo contrário, os coronéis adaptaramse ao novo formato e o Brasil ainda vive uma deplorável situação no ambiente dos pequenos municípios que alimenta denúncias de cotidianas torturas, execuções sumárias e trabalho escravo, entre outros. Aliados à